HÁLITO COM CHEIRO DE FEZES EXISTE?
O mau hálito, nome popular da Halitose, é uma condição anormal do hálito que se altera de forma desagradável, gerando odor incômodo que sai pela boca e/ou narinas. No Brasil, pesquisas realizadas revelam que aproximadamente 30% da população sofre com esse problema, cerca de 50 milhões de pessoas. É importante ressaltar que o mau hálito pode acometer qualquer pessoa, independe da idade, sexo ou raça. Isso quer dizer que qualquer um pode passar por essa situação, mesmo que tenha uma boa higiene bucal.
Também é preciso esclarecer que a halitose não é uma doença, mas pode denunciar a ocorrência de alguma patologia ou problema de saúde. Entre as queixas mais frequentes recebidas no consultório sobre essa condição estão o gosto amargo (que parece ser a campeão) ou gosto ruim na boca, sensação de boca seca, língua branca e, pasmem, hálito com cheiro de fezes. Isso mesmo! Você não leu errado. Mas isso é possível? Como assim cheiro de cocô na boca?
A percepção pode ser mesmo essa, mas nem sempre ela é real. Vamos aos fatos: há dois tipos de halitose, a clínica e a subclínica. A condição clínica é quando o odor ruim pode ser sentido por pessoas do convívio e percebida na consulta de diagnóstico qualificado. Raramente o mau cheiro é percebido pela própria pessoa que está com mau hálito, devido ao processo de fadiga olfatória. Sendo assim, é preciso que alguém a conte sobre a alteração do hálito. Mas será que uma pessoa próxima comunicaria a outra que o hálito está com cheiro de fezes? Provável que não… Talvez só alguém muito próximo fosse capaz de relatar isso dessa forma.
Já o outro tipo de halitose, a subclínica, o odor desagradável é sentido apenas pela própria pessoa. Nem amigos, nem cirurgiões-dentistas qualificados e até mesmo os aparelhos de medição, como o Halimeter ou Oral Chroma, conseguem detectar esse cheiro. Nesses casos, recebemos algumas vezes queixas de hálito fecal, carniça, sangue quente, dentre outros. Parece estranho, mas a pessoa pode sim sentir dessa forma por várias causas, incluindo alguma alteração olfativa.
Mas como o nosso foco hoje é falar da halitose clínica, voltemos aos casos em que comprovadamente o mau hálito pode ter cheiro fecal? O mais comum na halitose de origem bucal, quando o cheiro se assemelha a fezes, é que o mau odor está sendo emitido por compostos orgânicos ou sulforados voláteis, decorrentes da doença periodontal (gengiva). Isso se dá quando temos tecidos bucais em putrefação, somado ao acúmulo de bactérias capazes de gerar esses gases malcheirosos. A doença periodontal, muitas vezes, é capaz de aumentar a quantidade de nutrientes que essas bactérias precisam para alterar o equilíbrio bucal.
Por outro lado, manter a saúde das gengivas, a higiene bucal e o controle bacteriano pelo fluxo salivar é a melhor maneira de evitar o que muitas vezes pode ser entendido como cheiro de fezes. No entanto, raramente o hálito chega a ser mesmo como odor de cocô. O cheiro das doenças periodontais é bem característico e nem sempre ter a doença periodontal instalada significa ter mau hálito.
Além disso, quando a halitose sai pela boca e pelas narinas na mesma intensidade ou muito semelhante com odor de fezes, há que se investigar algum transtorno gastrointestinal. Os compostos orgânicos indol, escatol e sulforados como o dimetilsulfeto e a metilmercaptana, podem sair pela respiração nasal e/ou bucal. Nesses casos, o tratamento é multidisciplinar. Enquanto o médico cuida do sistema, o cirurgião-dentista qualificado no diagnóstico e tratamento da halitose controla o hálito bucal.
Gostou deste texto? Compartilhe e sugira outros temas. Tem dúvidas? Me mande e-mail.