Boca e olhos secos? Conheça a Síndrome de Sjögren
Você já ouviu alguém falar sobre a Síndrome de Sjögren? Desconhecida por muitas pessoas, incluindo profissionais da saúde, essa síndrome é uma doença autoimune, que muitas vezes fica subdiagnósticada. Na Síndrome de Sjögren, o sistema imune reconhece a glândula salivar e lacrimal como não parte do organismo, sendo a doença mais comum de ressecamento.
A cirurgiã-dentista Karyne Magalhães explica que assim como saliva é o termômetro da saúde bucal, a lágrima também é considerado o termômetro da saúde dos olhos. “Não é possível ter uma boa visão se as estruturas dos olhos não estiverem úmidas. Sem lágrima, o simples ato de piscar fica comprometido, assim como fica comprometida a deglutição de qualquer tipo de alimento se não houver saliva”, esclarece.
Mais prevalente em mulheres, principalmente a partir da quarta década de vida, as alterações causadas pela síndrome não se restringem apenas aos olhos e boca. A pele também se torna seca e desidratada, acontecendo ainda a diminuição da lubrificação vaginal. “Infelizmente, essa doença passa despercebida por muito tempo, pois o diagnóstico não é simples. A síndrome pode ser primária ou secundária, o que quer dizer que ela pode estar relacionada a outras doenças de origem reumatológica como, por exemplo, a artrite reumatóide, Lúpus, distúrbios renais, hepáticos e pulmonares. Quem tem essa enfermidade, tem quarenta vezes mais chance de ter linfoma do que a população geral”, diz Karyne.
É o caso de Flávia Ferro, que teve a Síndrome de Sjögren diagnosticada há 20 anos e teve, como decorrência, linfoma. Ela conta que desde criança apresentava sintomas da doença. “Eu sempre tive muita sede. Desde pequena tomava muita água e também sentia muito cansaço. Já adulta, depois de um problema de saúde da minha filha e uma estafa de cansaço, realizei vários exames e descobri a síndrome.”
O diagnóstico e tratamento da síndrome são realizados por uma equipe multidisciplinar: reumatologista, clínico geral, oftalmologista, cirurgião-dentista e ginecologista. “Sempre procure bons profissionais e, durante o tratamento, procure se cercar de pessoas que te faz bem, que te amam e que são positivas”, orienta Flávia.
Desconfie se houver:
– Dor ou inchaço da glândula parótida (a principal glândula da caxumba);
– Aumento do fluxo salivar (pode acontecer no início da doença);
– Olhos secos, sensação de areia nos olhos e/ou dificuldade para piscar;
– Pele seca;
– Ausência de lubrificação vaginal;
– Boca seca, dificuldade para engolir e/ou falar;
– Alteração de paladar, ardência bucal, língua fissurada e/ou lisa;
– Doenças bucais (halitose, cárie, candidíase bucal, dificuldade para reter próteses);
– Aumento excessivo do consumo de água.