PAPAI NOEL DO HÁLITO
Papai Noel do hálito
Não lembro ao certo qual era a minha idade quando descobri que o Papai Noel era algo criado por adultos com o intuito de incentivar a imaginação das crianças, gerando momentos e lembranças mágicas. Talvez por isso me recordo bem da decepção dessa descoberta. Ela foi tão grande que foi difícil aceitar. É assim também quando as pessoas depositam expectativas demais no autotratamento do mau hálito, com indicações e uso de produtos que “piscam” internet afora.
A halitose, popularmente conhecida como mau hálito, é o resultado da oferta de nutrientes para bactérias famintas e dispostas a nos prejudicar. Está certo que não é o fim do mundo ter mau hálito, mas não é nenhum pouco bacana ter que conviver com esse problema. Então é preciso tratar. Isso porque as causas do mau hálito podem ser corrigidas e controladas, desde que o diagnóstico seja preciso. Além disso, conforme for a origem da halitose e sua causa, o hálito pode ser restabelecido sem qualquer prejuízo em menos de 24 horas ou um pouco mais. Mesmo assim, às vezes nós, profissionais, levamos um “baile”, já que controlar microrganismos não é nada fácil.
E aí que entra a história do Papai Noel do hálito. Claro que ninguém está proibido de comprar o que está à venda na internet, farmácia, supermercado, WhatsApp, dentre outros. Você pode usar o que bem entender para cuidar da sua saúde bucal, mas não deveria acreditar que qualquer substância química é a “salvadora da pátria”. Até mesmo porque prometer todo mundo promete: hálito fresco (quando na verdade deveria ser hálito puro); proteção mil horas (que não passa de duas); fim da cárie (quando você come a todo tempo açúcar/carboidratos); gengivas saudáveis (mas você não usa sempre fio/fita dental) e dentes três vezes mais claros (enquanto os profissionais gastam pelo menos três sessões com agentes clareadores dez vezes mais concentrados para descer um ou dois tons).
Sendo assim, eu te pergunto: por acaso você tem experiência com algum desses produtos “Papai Noel”? Levando em consideração suas próprias experiências, isso tem dado certo? Diante disso, o alerta é: cuidado até mesmo com produtos naturais (ou os que se dizem); peróxido de hidrogênio (água oxigenada); clorexidina (o mais vendido); cetilpiridíneo; zinco; óleos essenciais (na verdade esse é o mais vendido – mais até que aquele refrigerante preto) e, por último, e que está virando moda, o creme dental ozonizado.
Mas agora você me pergunta: Karyne, então você não indica nada disso? Indico todos, quando necessário. É preciso reforçar que cada pessoa tem uma necessidade e, muitas vezes, eu não preciso indicar nada disso. Além do que, qualquer substância química quando mal indicada pode exacerbar um problema, principalmente, o mau hálito.
Karyne Magalhães
Cirurgiã-dentista
Vice-presidente da Associação Brasileira de Halitose (ABHA)
Autora do Blog Da Boca pra Fora